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Como Reduzir a Progressão do Parkinson com Atividade Física

Níveis mais elevados de atividades física regular, apenas quando mantidos , estavam fortemente associados a deterioração mais lenta da progressão clínica. Além disso, diferentes tipos de atividades podem ter efeitos diferentes na evolução da doença de Parkinson.

A doença de Parkinson (DP) teve o crescimento mais rápido dentre as doenças neurológicas entre os anos de 1990 e 2017, e o envelhecimento populacional contribuiu  para grande parte desse aumento (Postuma RB,2015). Sintomas resistentes à medicação, como instabilidade postural e o comprometimento cognitivo, tornam o tratamento médico desafiador (Velseboer DC,2016). A maior frustação tanto para os pacientes quanto para os médicos é que ainda não existe um tratamento modificador  para retardar a progressão da doença (Feustel AC,2020).

O exercício tem sido postulado há muito tempo como uma intervenção promissora que pode modificar o curso clínico a longo prazo dos pacientes com DP (Ahlskog JE,2018).  Além do exercício( ou seja, atividades estruturadas, repetitivas e intencionais) houve alguns resultados promissores em relação ao efeito da atividade física regular(ou seja, qualquer movimento corporal que exija gasto de energia maior do que em repouso). A inciativa de Marcadores de Progressão de Parkinson (PPMI) é um grande estudo multicêntrico internacional que está em andamento desde 2012 e visa obter maior compreensão do curso da doença de Parkinson  e identificar seus modificadores. O nível regular de atividade física pode ser medido pelo questionário da Escala de Atividade Física para Idosos (PASE), um questionário de autorrelato validado para indivíduos acima de 65anos (Washburn RA,1993).  Neste estudo foram incluídos indivíduos saudáveis, pacientes em estágios iniciais, pacientes com sintomas inespecíficos e pacientes com parkinsonismo. A duração do acompanhamento dos pacientes neste estudo foi de 06 anos.

Atividade Física, os níveis de atividade física foram quantificados com PASE, que mede a intensidade, frequência e a duração da atividade física na semana anterior para calcular a pontuação total do PASE, que varia de 0 a 793, com pontuações mais alta indicando maior nível de atividade física. A pontuação combina informações sobre atividades de lazer , domésticas e relacionadas ao trabalho, além de quantificar a atividade física regular. Recentemente a Associação Americana de Neurologia -AAN recomendou  prática regular de pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana.No início do estudo, foram incluídos 237 pacientes e 158 indivíduos controle com o mesmo nível de atividade física regular e sem diferenças entre os níveis de exercício moderado a vigoroso.

Durante o período de acompanhamento, o nível geral de atividade física regular dos pacientes com DP diminuiu gradualmente com a pontuação total do PASE diminuindo 4,5 pontos por ano (IC 95% -7,3 a -1,7; Spearman ρ = -0,08 [IC 95% -0,14 para −0,03], p < 0,01), enquanto nenhuma mudança significativa foi observada longitudinalmente nos indivíduos controle (Spearman ρ = 0,04 [IC 95% −0,03 a −0,11], p = 0,26) 

Níveis moderado a vigorosos de exercícios e a interação da atividade física regular é capaz de mudar a progressão clínica em pessoas com Parkinson?

Nível médio de atividade física regular geral ao longos dos anos teve efeitos de interação significativos nos escores Postura, Marcha, Atividades de Vida diária e na cognição ( Atenção dividida e varredura).Especificamente , níveis de exercício moderado a vigoroso tiveram um efeito de interação preferencial no subescore Instabilidade Postural/Marcha ao longo do tempo ( interação β = −0,09 [bootstrap IC 95% −0,13 a −0,05], t = −4,4, p corrigido por Bonferroni < 0,01 ) além efeitos de interação maior do que os efeitos das atividades físicas domésticas, de trabalho e lazer em geral. Os níveis de atividade relacionadas ao trabalho tiveram um efeito de interação principalmente na redução do declínio na velocidade de processamento ( interação β = 0,07 [bootstrap IC 95% 0,04–0,09], t = 4,7, p < 0,01 corrigido por Bonferroni ), enquanto as atividades domésticas tiveram maior efeito de interação na manutenção das atividades de vida diária (AVD´S).

A separação entre pessoas com Parkinson de acordo com a prática e o nível da intensidade da Atividade Física

Os grupos de atividade física regular com intensidade mais alta e mais baixa consistiam em 86 pacientes homogêneos em relação ao PASE e as demais variáveis

Confirmamos que os níveis médios de atividade física regular estavam associados á progressão mais lenta do subescore Instabilidade Postural/Marcha e do escores Atividades de Vida diária (subescore PIGD: interação β = −0,10 [bootstrap IC 95% −0,20 a −0,02], t = −2,2, p = 0,03 corrigido por Bonferroni ; pontuação MSE-ADL: interação β = 0,15 [bootstrap IC 95% 0,06–0,24], valor t = 3,5 , p < 0,01 corrigido por Bonferroni ).

Com base na mediana da pontuação média de exercício PASE moderado a vigoroso ao longo dos anos que corresponde entre 1 a 2 horas em 1 a 2 dias /semana. Níveis mais elevados de exercício moderado e vigoroso estão significativamente associado à progressão mais lenta do subescore Instabilidade Postural e Marcha ( interação β = -0,10 [bootstrap IC 95% -0,18 a -0,02], t = -2,5, p = 0,01 ).

Além disso a mediana da pontuação média dos domicílios PASE ao longo dos anos confirmou que maior atividade domiciliar esta significativamente associada ao declínio mais lento dos subescore das atividades de vida diária. Pontuação média do PASE trabalho ao longo dos anos que corresponde a um nível de 15,5 horas de trabalho ( que exigem pelo menos alguma atividade física) por semana, confirmou associação ao declínio mais lento da cognição (atenção divida e varredura SDMT ( interação β = 0,10 [bootstrap IC 95% 0,01–0,19] , t = 2,2, p = 0,03).

 

Neste estudo observacional longitudinal é possível concluir que níveis mais elevados de atividades física regular, apenas quando mantidos , estavam fortemente associados a deterioração mais lenta da progressão clínica. Além disso, diferentes tipos de atividades podem ter efeitos diferentes na evolução da doença de Parkinson. Os hábitos de exercícios moderado a vigoroso foram preferencialmente associados a um declínio mais lento na função postural e de marcha. As atividades relacionadas ao trabalho foram associadas a declínio mais lento na velocidade de processamento (cognição), e as atividades domésticas particularmente a um declínio mais lento nas atividades de vida diária (AVD´s). No entanto, dado o declínio gradual nos níveis de atividade física em pessoas com Parkinson torna plausível que o foco deva ser um aumento sustentado nos níveis de exercícios e de atividade física regular para melhorar os resultados clínicos a longo prazo. Um aspecto encorajador tanto para as pessoas quanto para os profissionais de saúde é que sintomas refratários a medicação, como instabilidade postural, distúrbios da marcha e comprometimento da velocidade de processamento (cognição), podem ser especialmente suscetíveis aos efeitos positivos de altos níveis regulares de atividade física. Por fim a recomendação para acompanhamento individualizado sobre exercícios físicos, atividade físicas e habilidades motoras pode mudar o curso do Parkinson.

 

Tsukita K, Sakamaki-Tsukita H, Takahashi R. Long-term Effect of Regular Physical Activity and Exercise Habits in Patients With Early Parkinson Disease. Neurology. 2022 Feb 22;98(8):e859-e871. doi: 10.1212/WNL.0000000000013218. Epub 2022 Jan 12. PMID: 35022304; PMCID: PMC8883509.
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