Indo além da eficácia clínica
Diante do número crescente de estudos e acúmulos de evidências científicas em Parkinson revelando a eficácia da fisioterapia e dos exercícios nesta população, torna o exercício como um elemento essencial do tratamento. Apesar do importante progresso científico na comprovação e elucidação de diversos assuntos clínicos, há muito ainda a ser aprendido para otimizar os resultados dos pacientes que atendemos diariamente. Exemplos:
- Quais pacientes se beneficiam de uma intervenção específica?
- Um exercício pode ser melhor do que outro?
- Qual é o melhor momento de aplicar certa intervenção?
- A dose importa?
- Quais os mecanismos que podem justificar os benefícios do exercício?
A maioria das intervenções fisioterapêuticas e exercícios são benéficos para doença de Parkinson, entretanto nem todas as pessoas respondem da mesma forma ao tratamento. Muitos estudos de fisioterapia e exercícios aplicados ao Parkinson até o momento incluem pessoas nos estágios moderados (2 e 3 de Hoehn & Yhar) o que influencia a capacidade de reposta a uma técnica específica. Os ensaios clínico controlados randomizados, mostram benefícios e mudanças na média da população, porém nem todos os participantes do estudo melhoram igualmente. Essa abordagem de ” tamanho único” necessita de mais precisão. Portanto, devemos ir mais a fundo para identificar as características do paciente, fenótipo da doença, níveis de gravidade e as respostas a um determinado tipo de intervenção que favorece na prescrição do tratamento ideal com mais benefícios. Os pesquisadores atualmente abordam esta questão de ” se aprofundar “ para identificar ” os responsáveis” a uma variedade de intervenções ou déficits mais específicos que podem causar incapacidade. Por exemplo:
- Skinner e cols, olham além da força muscular e examinam a força muscular dos estabilizadores de membros inferiores, críticos para o equilíbrio e a marcha.
- Strouwen et al , investigam as características das pessoas com Parkinson que se beneficiam do treinamento com dupla tarefa.
- Lofgren et al , pesquisam sobre indivíduos que melhor respondem a um programa de treinamento de marcha e equilíbrio altamente desafiador.
- Olivier et al, pesquisam sobre a aquisição de habilidades posturais em Parkinson para identificar fatores preditivos do aprendizado motor postural.
Graças a esses pesquisadores, podemos usar de vários insights e intervenções para promover uma resposta terapêutica eficaz.
A dose ideal de exercício em Parkinson ainda não está estabelecida. Essa é uma variável complexa que requer uma avaliação importante sobre os impactos de várias dose de exercícios por meio de estudos comparativos de eficácia. Hoje o uso de biomarcadores, subjacentes às alterações funcionais, pode fornecer resultados substitutos para avaliar os estudos de dosagem. Alguns estudos em Parkinson começaram a examinar diferenças entre as intensidades do exercício em modalidades específicas como por exemplo , treinamento aeróbico.
Landers et al ,investiga as diferenças entre o programa de exercícios multimodais de alta e baixa intensidade ( Treinos aeróbicos, força e equilíbrio). Além disso eles examinam os potenciais efeitos modificadores da doença em cada exercício de acordo com a intensidade com objetivo de fornecer informações críticas sobre os mecanismos que podem justificar as mudanças observadas após o tratamento.
Outros examinam o momento da intervenção, ou seja, se a eficácia pode mudar se for aplicada precomente ou tardiamente no curso da doença? Lirani -Silva et al , aborda esta questão e examina como a progressão da doença pode influenciar os efeitos da sinalização auditiva no comprometimento da marcha.
Rawson et al , mostraram que caminhar na esteira, dançar tango e alongar tiveram efeitos diferenciais em alguns resultados, mas não em outros, quando os pacientes foram avaliados na fase off. Isso sugere que o resultado pode estar de acordo com a afinidade dos pacientes em determinadas técnicas. Por outro lado, temos diferentes tratamentos que compartilham elementos centrais comuns que levam a resultados semelhantes em todo os desfechos.
A relativa similaridade de alguns tratamentos (dose parecidas) pode tendenciar os pacientes a buscarem um tipo diferente de individualidade: a preferência do paciente. Esta identificação com o programa empolgante e envolvente a nível individual aumenta a adesão e a dose, isso melhora a experiência do paciente e intensifica os benefícios gerais da intervenção.
Esta reflexão especial sobre questões críticas em relação a prescrição, o tipo de tratamento fisioterapêutico e exercícios é uma contribuição para o avanço da pesquisa em fisioterapia aplicada ao Parkinson. E esta clareza sobre quem se beneficia mais e de quais tratamentos, permitirá que os profissionais de saúde possam estabelecer um plano de tratamento com ótimos resultados. Essa visão mais apurada com certeza é essencial para melhorar a vida dos pacientes.
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Referências :
Journal of Neurologic Physical Therapy
43(1):p 1-2, janeiro de 2019. |DOI: 10.1097/NPT.0000000000000248